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27 de junho de 2014

Queijo típico vira produto de exportação da Ilha de Marajó

Queijo típico vira produto de exportação da Ilha de Marajó.



Com regulamentação da produção, pequenos produtores aumentam sua renda e planejam vender para o Brasil e para o mundo.



Queijo de leite de búfala é um patrimônio cultural da Ilha de Marajó, no Pará. 
Produzido há 200 anos seguindo uma técnica tradicional passada de geração
a geração, é conhecido e apreciado em todo o estado como um produto artesanal
de alta qualidade, mas até o ano passado não podia ser vendido fora da ilha por
causa de restrições impostas pela legislação sanitária brasileira.
Essa situação começou a mudar em 2013, quando a comercialização no estado
do Pará foi liberada, e agora as centenárias queijarias da Ilha de Marajó querem 
conquistar o Brasil e o mundo. 
Como é feito com leite não pasteurizado, o queijo do Marajó tem que passar por
uma rigorosa fiscalização sanitária para poder ser comercializado fora de sua área
de produção, o que impedia as queijarias locais de venderem para fora da ilha. 
Para contornar essa situação, uma força-tarefa formada por produtores, 
pelo Sebrae, pela Secretaria de Estado de Agricultura do Pará (Sagri-PA) e
pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) elaborou o
Protocolo de Boas Práticas para os Queijos de Búfala do Marajó.
O documento estabelece critérios mínimos de boas práticas na produção do leite 
e do queijo da Ilha de Marajó, o que inclui ordenha das búfalas e produção,
armazenamento e transporte do produto. A partir desse protocolo e da lei nº 756
5/2011, que trata dos produtos artesanais no Pará, a Adepará lançou, em 
março do ano passado, a portaria 418/2013, que regulamenta a produção e 
comercialização no estado do Pará do queijo do Marajó, como o produto é 
popularmente conhecido.
A abertura do mercado estadual já está tendo impacto na economia da ilha.
“Tem queijarias que produziam 25 kg por dia e agora já produzem 60 kg/ dia”,
afirma Péricles Diniz Ferreira de Carvalho, analista técnico da unidade de 
agronegócio do Sebrae Pará. Antes da regulamentação, o preço do quilo
ficava em torno de R$ 24 para o consumidor, sendo que o produtor vendia
para o atravessador por R$ 20/kg e seu custo de produção girava em torno
de R$ 13/kg. “Hoje, o produtor negocia direto com os clientes, em sua maioria
restaurantes, padarias e hotéis, e o preço chega a R$ 32/kg, o que representa
um lucro melhor para o produtor, já que o valor do custo de produção 
continua semelhante”, conta Haroldo Palheta, presidente da Associação
dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó, que aprendeu seu ofício diretamente
com o bisavô.
A regulamentação, aliás teve impacto tanto econômico quanto motivacional.
“Além do fator emocional e o orgulho do produtor em ver o seu queijo legalizado,
o produtor sente que agora existe a possibilidade real de aumentar sua renda com
a legalização do queijo”, afirma Palheta.
De olho no futuro
De acordo com números do Sebrae, hoje seis produtores já estão registrados para produzir o queijo de maneira regular. Ainda é pouco, tendo em conta que existem 60 queijarias na Ilha de Marajó. O plano é que com o tempo a regularização aumente, já que ela é mais vantajosa para o produtor, que lucra mais com a venda do produto, lida com o consumidor final e pode aumentar a empresa, contratar mais gente e aumentar a produção. “Agora os produtores conseguem financiamento porque o negócio é legal. A economia gira mais forte com a regularização do queijo”, defende Carvalho.

Agora, os produtores marajoaras querem conquistar o mercado nacional e, quem
sabe, o internacional. O primeiro passo já foi dado, com o envio ao 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de um pedido de 
regularização do queijo em todo o Brasil. “Com a obtenção da autorização 
para comércio nacional, o produto passa a ser passível de exportação.
Na realidade, os critérios de exportação são impostos pelos países importadores,
então o tem que ser analisado conforme o caso”, esclarece Marcia Batista Penna, 
médica veterinária e gerente de Padronização, Certificação e Fiscalização de
 Produtos Artesanais da Adepará.
Animados com a possibilidade de vender para o exterior, os queijeiros 
marajoaras já solicitaram ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) 
o registro de denominação de origem. Com isso, o queijo do Marajó seria
 reconhecido como um produto único da ilha, garantindo a preservação das 
técnicas que fizeram sua fama.


                                                                                                                                                                                        Fonte: Site Terra

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